FESTAS DE PADROEIRO
Segundo o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, CNFCP, festa religiosa seria uma “festa popular freqüentemente em homenagem a divindades ligadas às religiões de um grupo social. Pode exaltar uma parte da existência do homenageado, um acontecimento ou outros aspectos. Geralmente inclui a parte ritualística, em que ocorrem atos devocionais, profissões de fé e cerimônias, além da parte também conhecida como festa do largo, composta por quermesses, barraquinhas, brincadeiras, etc. Música, dança, comidas e bebidas são elementos constituidores das festas populares”. As Festas de Padroeiro, festa religiosa católica, são festas em devoção ao santo padroeiro das igrejas, abrangendo as comunidades e municípios pertencentes as mesmas. Em conformidade com o CNFCP, geralmente a festa do santo é em comemoração e homenagem ao dia de seu nascimento, batizado, morte canonização ou algum acontecimento especial de sua vida, tornando aquela data marco para a comunidade celebrar. Na região do Agreste, Sertão e Bacia Leiteira do Estado de Alagoas foram levantadas mais de 90 festas de padroeiro, cada qual com suas particularidades e semelhanças, tornando uma referência cultural de grande escopo agregador dos mais diversos processos de interação social, reafirmação dos símbolos sagrados e rituais de devoção, transmissão geracional de tradições, ressignificação das formas de participação e motivação para a participação, como por exemplo, a incorporação de grandes bandas musicais midiáticas, concurso de paredões, motocross, festivais da juventude. A organização da festa inicia-se, basicamente, um mês antes de sua realização. Quando são festas de paróquias, o padre junto com as pastorais, movimentos, grupos e comunidade em geral reúnem-se para fazer a programação da festa. São discutidos os dias da festa, divisão das equipes, animação e atrações musicais, os noiteiros (patrocinadores da noite, inclusão dos movimentos e pastorais e representantes civis que pertençam a paróquia), os padres convidados, os convites, a divulgação, etc. Enfim, toda uma movimentação para a realização da festa. As festas podem ser realizadas em nove dias (novenário), três dias (tríduo) ou em um dia e são chamadas popularmente como o Novenário de Santo Antônio, o Tríduo de São José ou quando é em um dia, a Festa de Santa Luzia, por exemplo. Cada noite é celebrada a missa que é composta pela reza do devocionário do santo (orações, ladainhas e cânticos), pela pregação temática do padre convidado (geralmente cada noite é trabalhado um tema) e pelo momento de incensação do santo seguido pelo hino em sua devoção. Cada missa tem seus noiteiros que fica responsável por toda a organização daquela noite, seja na liturgia, no acolhimento, nas ofertas, no lanche dos padres convidados ou na programação após a missa. Os noiteiros podem ser a Legião de Maria, o Apostolado da Oração, a Renovação Carismática, o Grupo de Jovens ou os moradores do bairro do centro, os motoristas, os comerciantes, por exemplo. Após a realização da missa acontece toda uma programação especial que geralmente acontece no largo da igreja. São as quermesses com as mais variadas bebidas e comidas locais, os parques de diversão e as atrações musicais, sejam católicas ou profanas. Em algumas festas acontecem bingos e festivais de prêmios. O leilão é o momento mais animado da festa. Existe o leilão de gado, onde os fazendeiros da região doam carneiros, cavalos, vacas, bois, ovelhas para serem arrematados pelo maior lance. Como acontecem os leilões de mesa, aqueles mais simples com prendas doadas pela comunidade. São melancias, bananas, melão, abóbora, liquidificadores, batedeiras, etc. A comunidade doa essas prendas para o leilão como forma de oferta para o santo. É bom frisar que do ponto de vista simbólico, o leilão representa uma forma de reciprocidade entre os devotos e o santo, ao transformar os donativos que são coisas materiais, em atos de doação em dinheiro, o que não traduz uma transação comercial, mas uma atitude de reverência ao Santo, pois é uma atitude de ajuda para a manutenção do aparato sagrado e simbólico do santo, ou seja, a Igreja, os padres, as imagens e a própria celebração. E por fim, a famosa procissão do santo que geralmente acontece no encerramento da festa, dia do santo, com a imagem sendo levada em procissão por um trajeto de bairro, de cidade ou de povoados. Esse momento é onde percebemos a fé, a devoção e o pagamento de promessas do povo ao seu santo, pois na procissão encontramos pessoas descalças, pessoas de cadeira de roda, pessoas vestidas de branco, pessoas com fotos de familiares enfermos, etc. A imagem do santo é carregada por um “andor”, espécie de estrutura de madeira ornamentada para o santo. Existem procissões que esse andor junto da imagem é levado pelos próprios fiéis em honra a fé e devoção ao santo, como por carros abertos. Na procissão é rezado o terço ou rosário, muitas ladainhas, cantorias e louvores. O pagamento de promessa que se vê nas procissões através dos sacrifícios ofertados pelos devotos é um componente significativo e complexo da religiosidade popular. Milenar como forma de troca pela garantia de proteção, e em pleno vigor nas festas de padroeiro dos municípios mapeados.