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O Projeto de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial em Alagoas tem como metodologia o Inventário Nacional de Referências Culturais – INRC – que consiste em identificar, documentar e registrar bens culturais, de natureza imaterial, para atender a demanda pelo reconhecimento de bens representativos da diversidade e pluralidade culturais de grupos formadores da sociedade brasileira e apreender os sentidos e valores atribuídos ao patrimônio cultural pelos moradores da região inventariada, tratando-os como intérpretes legítimos da cultura local e como parceiros preferenciais de sua preservação.

 

Esta primeira etapa, que corresponde ao Levantamento Preliminar, tem por finalidade elaborar um mapeamento geral das referências culturais através de levantamentos bibliográficos, iconográficos e censitários, complementados por trabalho de campo. Neste projeto o levantamento preliminar que está sendo realizado pelo Grupo de Pesquisa Nordestanças corresponde à varredura geral das referências culturais de 43 municípios do estado, tomando por base mapeamentos pré-existentes e bens identificados pelas populações locais. O Projeto, ao ter a atribuição de identificar, documentar e registrar bens de natureza imaterial e, para tanto, atento às ocorrências mais representativas da cultura alagoana, assim consideradas pelos próprios moradores de 3 grandes regiões do estado, deverá também captar e registrar a expressividade e a significância das tradições, dos saberes, dos lugares identificados e reconhecidos como tal. 

 

No projeto aqui apresentado, o Grupo de Pesquisa Nordestanças está responsável por tecer o mapeamento das referências culturais do agreste, como o qual já possui familiaridade através de trabalhos prévios, e parte do sertão. Enquanto o sertão conforma a própria identidade nordestina em discursos de grande abrangência que remetem à seca, aos retirantes e a certos ritmos e paladares, o agreste se identifica por diversas vezes como entreposto, lugar de passagem e zona de ligação entre a zona da mata canavieira e o sertão da pecuária. Por outras vezes, estas identidades se misturam e se torna difícil delimitar uma identidade apartada entre as duas regiões. É nas interseções e distanciamentos entre essas duas microrregiões que a Equipe – sítio 1, coordenada por Juliana Michaello M. Dias, se debruça nesta pesquisa.

 

A equipe, formada por pesquisadores da área da arquitetura, comunicação social, antropologia e ciências sociais, busca construir atualmente reflexões conjuntas acerca do ato de mapear enquanto construção coletiva e como produzir relações éticas com os grupos mapeados em que as vozes dos próprios grupos e da equipe consigam ser matizadas com o mesmo respeito – tentando afastar uma noção de distanciamento frente as comunidades junto às quais trabalham. 

 

O Grupo discute questões ligadas às identidades e territórios nordestinos a partir de uma abordagem teórica ligada a autores pós-estruturalistas, com destaque para Jacques Derrida, Gilles Deleuze e Felix Guattari bem como discussões que abarcam autores das ciências sociais que enfatizam as discussões culturalistas, como Stuart Hall, Zigmunt Bauman e Homi Bhabha. Quanto às temáticas do grupo, há uma ênfase na discussão identitária a partir de métodos contemporâneos, com destaque para as seguintes linhas de pesquisa: (1) identidade, território e poder; (2) cultura e imagem; (3) métodos de mapeamentos culturais; (4) políticas públicas da cultura. Partimos do pressuposto que as identidades culturais são múltiplas e estão em constante processo de construção, abarcando novos significados, desfazendo estruturas pré-concebidas e constituindo relações diversas no tempo e no espaço. Avançando sobre essa premissa, o grupo não compreende que exista uma “identidade alagoana” a ser mapeada neste inventário, mas que há múltiplas identidades, com valores e referências distintas e que podem se sobrepor, contrapor, distanciar e aproximar a depender das relações estabelecidas dialogicamente entre grupos sociais distintos.

 

 

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